terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Atividade física na terceira idade pode prevenir encolhimento do cérebro
A atividade física regular na terceira idade pode ajudar a evitar o encolhimento do cérebro e outros sinais associados à demência, revela um novo estudo.
A pesquisa foi feita pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, e analisou dados de 638 pessoas com 70 anos que foram submetidas a exames cerebrais.
Os resultados mostraram que aqueles que eram fisicamente mais ativos tiveram menor retração do cérebro do que os que não se exercitavam.
Por outro lado, os que realizavam atividades de estimulação mental e intelectual, como fazer palavras cruzadas, ler um livro ou socializar com os amigos, não tiveram efeitos benéficos em relação ao tamanho do cérebro, constatou o estudo, publicado na revista Neurology.
Deterioração
A ciência já provou que a estrutura e funcionamento do cérebro se deterioram com o passar dos anos.
Também são inúmeros os registros na literatura médica de que o cérebro tende a encolher com o envelhecimento.
Tal encolhimento está ligado a uma perda de memória e das capacidades cerebrais, dizem as pesquisas.
Os estudos têm mostrado que as atividades sociais, físicas e mentais podem contribuir para a prevenção desta deterioração.
No entanto, até agora não tinham sido realizados amplas pesquisas com imagens cerebrais para observar essas mudanças na estrutura do cérebro e seu volume.
Segundo o estudo, que levou três anos para ser concluído, o médico Alan Gow e sua equipe pediram aos participantes que levassem um registro de suas atividades diárias.
No final desse período, quando completaram 73 anos, os participantes passaram por scanners de ressonância magnética para analisar as mudanças no cérebro.
Depois de levar em conta fatores como idade, sexo, saúde e inteligência, os resultados mostraram que a atividade física estava "significativamente associada" com a menor atrofia do tecido cerebral.
"As pessoas de 70 anos que fizeram mais exercício físico, incluindo uma caminhada, várias vezes por semana, apresentaram uma retração menor do cérebro e outros sinais de envelhecimento da massa cerebral do que aqueles que eram menos ativos fisicamente", exlicou Grow.
"Além disso, nosso estudo não mostrou nenhum benefício real no tamanho do cérebro com a participação em atividades mental e socialmente estimulantes, como observado por imagens em scanners de ressonância magnética durante os três anos de estudo", acrescentou.
Segundo o pesquisador, a atividade física foi também associada a um aumento no volume de massa cinzenta.
Esta é a parte do cérebro onde se originam as emoções e percepções. Em estudos anteriores, essa região está relacionada à melhora da memória de curto prazo.
Quando os cientistas analisaram o volume de substância branca, responsáveis pela transmissão de mensagens no cérebro, descobriram que as pessoas fisicamente ativas tinham menos lesões nessa área do que as que se exercitavam menos.
Causas
Embora estudos anteriores já tenham mostrado os benefícios do exercício para prevenir ou retardar a demência, ainda não está claro os motivos por que isso acontece.
Os pesquisadores acreditam que as vantagens da atividade esportiva podem estar ligadas ao aumento do fluxo de oxigênio no sangue e de nutrientes para o cérebro.
Mas uma outra teoria é que, como o cérebro das pessoas encolhe com a idade, elas tendem a se exercitar menos e, assim, acabam tendo menos benefícios.
Seja qual for a explicação, dizem os especialistas, os resultados servem para comprovar que o exercício físico é benéficio para a saúde.
"Este estudo relaciona a atividade física à redução dos sinais de envelhecimento do cérebro, sugerindo que o esporte é uma forma de proteger a nossa saúde cognitiva", disse Simon Ridley, da entidade Alzheimer's Research no Reino Unido.
"Embora não possamos dizer que a atividade física é o fator causal deste estudo, nós sabemos que o exercício na meia idade pode reduzir o risco de demência futura", acrescentou.
"Vai ser importante acompanhar tais voluntários para ver se essas características estruturais estão associadas com maior declínio cognitivo nos próximos anos", disse.
"Também será necessário fazer mais pesquisas para saber detalhadamente sobre por que a atividade física está tendo esse efeito benéfico", afirmou.
Já o professor James Goodwin, da organização Age UK, que financiou a pesquisa, disse: "Este estudo destaca novamente que nunca é tarde para se beneficiar dos exercícios, seja uma simples caminhada para fazer compras ou um passeio no jardim", concluiu.
Fonte: Uol
"Novo idoso" brasileiro cuida da saúde e faz planos para o futuro
Especial para o BOL
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Eduardo Galeano - um sábio que escreve para celebrar a vida
Nessa entrevista, Eduardo Galeano, escritor uruguaio, filósofo, poeta fala sobre sua visão da América Latina e de aspectos de sua vida pessoal e a cidade de Montevideo onde reside. É sempre um prazer ouvir as palavras de Galeano, que tão bem consegue expressar as virtudes e as mazelas dessa nossa porção do planeta.
A entrevista foi concedida ao jornalista Eric Nepomuceno, para o programa Sangue Latino, exibido pelo Canal Brasil. Link para o site do programa:: http://canalbrasil.globo.com/programas/sangue-latino/
Clique no canto direito do vídeo ( onde aparece 4 pontos) para assistir ampliado na tela do seu computador.
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Jane Fonda: "quero ajudar as pessoas a perderem o medo de envehecer"
Jane Fonda, ativista, 74 anos
Sobre “como é envelhecer”, a atriz e ativista americana responde: “Estou ótima (...).Tenho uma genética que ajuda e condições financeiras que possibilitam que eu me cuide. Mas a força não é incomum. Quero ajudar as pessoas a perderem o medo de envelhecer”. Perguntamos: será possível?

Para quem não sabe, Jane está no recém-lançado e belíssimo filme francês “E se vivêssemos todos juntos?” – Trailer, ainda em cartaz nos cinemas de São Paulo. Com uma atuação impecável, a atriz vive, tanto na ficção como na vida real, uma velhice como qualquer outra fase da vida, sem conflitos ou eventuais revoltas, muito comuns em quem chega nos temidos muitos anos de vida.
Jane também fala sobre longevidade e autocompreensão rumo à libertação em “Terceiro Ato - as três últimas décadas de nossa vida” –Vídeo, onde ela diz: “Não importa quem fomos, mas o que tornamos com quem somos”.
Mas a sua visita ao país se restringiu a divulgação de seu novo livro, “O Melhor Momento – Aproveitando ao Máximo Toda a Sua Vida”, publicado pela Editora Paralela. A atriz também participou do Fórum da Longevidade, da Bradesco Seguros – no Hotel Transamérica.
Trechos da conversa concedida à Marilia Neustein
O Brasil está envelhecendo, e a sra. afirma, no livro, que estamos experienciando uma “revolução da longevidade”. Como é isso?
Somos pioneiros nessa revolução. Vivemos uma média de 34 anos a mais do que nossos avós. Isso é uma segunda vida adulta inteira. Temos de nos perguntar o que fazer com esse tempo, aproveitá-lo ao máximo. Vivê-lo de forma saudável. Física e mentalmente.
Qual a principal descoberta na pesquisa sobre esse tema?
Estudos mostram que as pessoas, depois dos 50 anos, tendem a ser mais felizes. Costumam experimentar um senso de bem-estar. Um indivíduo de 50 anos já passou por crises financeiras, amores que não deram certo, algumas doenças e sobreviveu. Isso fortalece. Em inglês, há uma expressão que diz “this too shall pass” – tudo passa. Quando se é mais velho, não existe a ansiedade do “preciso fazer isso ou aquilo”.
Concorda que a idade é mais generosa com os homens?
Acho que envelhecer pode ser mais fácil para a mulher, sabia? Muitos homens dedicam a vida ao sucesso profissional e, quando param de trabalhar, se sentem perdidos. Além disso, homens não costumam ter um círculo de amigos muito próximos, como as mulheres.
No livro, há uma valorização desses vínculos afetivos.
Exatamente. Os homens não têm o mesmo “network emocional” das mulheres. Não cultivam essas conexões profundas e emocionais, como nós. E essas relações são essenciais. Entretanto, quando envelhecem, aprendem a desenvolver e valorizar esse tipo de relação.
Como?
Acontece por causa das mudanças hormonais. Na velhice, os homens têm uma queda de testosterona, o hormônio da virilidade. Muitos que não foram pais amorosos podem se tornar avôs incríveis. Já nós, mulheres, perdemos estrogênio e nossa testosterona fica mais evidente. Não queremos estar em casa e lavar a louça, mas fazer uma aula de ioga ou dança. A louça fica para eles (risos).
O poder da mulher está muito associado à beleza. Como mudar esse paradigma?
Não há nada de errado com querer estar bonita. O problema é desejar permanecer com o visual de menina.
Brasil e EUA são os países com maiores índices de cirurgia plástica no mundo. O que acha disso?
Não me oponho. Eu mesma já fiz. Mas pequenas intervenções. Não sou uma maluca que não quer ter rugas e fica perseguindo a juventude. Não quero parecer ridícula. Admiro as francesas, por exemplo. Elas não têm essa obsessão. Mantêm suas expressões. E são muito bonitas. É importante ser bonita, mas não podemos parecer tolas.
Como é envelhecer?
Estou ótima. Sei reconhecer que estou bem para a minha idade, bonita, inteira. Tenho uma genética que ajuda e condições financeiras que possibilitam que eu me cuide. Mas a força não é incomum. Quero ajudar as pessoas a perderem o medo de envelhecer.
A senhora sempre manteve um forte ativismo social.
Isso é muito importante. Ser socialmente ativo. Contemplar um mundo maior do que você ajuda a se manter jovem. A noção de que as coisas não giram em torno do seu umbigo dá uma outra perspectiva, sem dúvida.
Depois de lutar contra a Guerra do Vietnã e visitar a Palestina, há 10 anos, continua otimista com relação à paz ou se desiludiu?
Sou otimista. Acho que as mulheres têm um papel fundamental nisso. Vocês têm uma presidente mulher. Ela parece muito boa e popular, não? Deus, agora me lembro: ela foi uma revolucionária. Sabe, eu queria me encontrar com ela. Tentei, até pedi uma reunião com ela, mas acabou não acontecendo. Acredito muito nas lideranças femininas. Com o apoio dos homens, evidentemente. Mulheres tendem a votar pela paz.
Como ativista, qual sua avaliação sobre a reeleição de Obama?
Meu Deus! Foi um alívio gigantesco. Vou te dizer uma coisa: se ele tivesse perdido, seria uma catástrofe. Estou orgulhosa do meu país. Por termos dito “não” a pessoas que são contra negros, imigrantes, mulheres. Que banalizam o aborto.
E os próximos projetos?
Estou trabalhando no sucesso “The Newsroom”. Farei um piloto para minha série própria na ABC, em março. Tenho dois filmes para lançar. Vou escrever mais dois livros sobre sexualidade para adolescentes. E tenho três projetos sociais que envolvem a violência contra a mulher, adolescentes e o fortalecimento da voz feminina no Oriente Médio. Acho que estou bastante ativa para uma mulher de quase 74 anos (risos).
Referências
NEUSTEIN, M. (2012). Jane Fonda: a juventude além do umbigo. Disponível emhttp://blogs.estadao.com.br/sonia-racy/jane-fonda-a-juventude-alem-do-umbigo/. Acesso em 13/12/2012.
Hospital lança vídeo sobre envelhecimento saudável
O Hospital Israelita Albert Einstein (SP) lançou em 2012 um novo canal no YouTube, contendo várias dicas. Destacamos aqui aquelas voltadas para a população idosa. Veja o vídeo abaixo sobre quedas, por exemplo, está bem didático, com uma linguagem acessível, boas animações e um bom som. Um produto apresenta conteúdo e qualidade. Para visitar o canal siga o link http://www.youtube.com/HospitalEinstein/
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
“Amor” trata da dignidade na velhice

Não haveria dupla de atores veteranos mais qualificada do que Emmanuele Riva, 85 anos, a musa de clássicos como Hiroshima, meu Amor , de Alain Resnais, e Jean-Louis Trintignant, 81 anos, intérprete do mítico Um Homem, Uma Mulher, de Claude Lelouch, para encarnar o casal que está no centro de Amor, de Michael Haneke.
É uma história de profundo amor, certamente. Mas o diretor austríaco, que assina o roteiro, não está neste mundo para fazer romances adocicados. Do que ele realmente quer tratar aqui é da dignidade da velhice e do direito de escolher a própria morte quando a saúde e a sanidade se esgotam.
Por esta abordagem sem concessões, característica que permeia todo o trabalho do diretor de A Fita Branca (sua primeira Palma de Ouro em Cannes, em 2009) e Violência Gratuita (1997), Amor não é, certamente, um filme fácil de assistir. Mas, como sempre, se o mergulho em suas histórias costuma render nós na garganta, habitualmente recompensa inteligências e sensibilidades adultas.
A última coisa que se procura aqui é um filme sentimental e foi essa a diretriz que o rigoroso cineasta passou aos seus atores, como contou Emmanuele Riva na coletiva de Cannes em 2012, festival onde o filme teve sua première mundial e iniciou um vertiginoso trajeto pelas principais premiações do mundo, começando ali pela Palma de Ouro (a segunda de Haneke) até as cinco surpreendentes indicações ao Oscar 2013, caso raro em se tratando de uma produção não-americana.
Há muito afastado do cinema (seu último filme como ator é de 2003, Janis and John) e dedicado ao teatro, Trintignant foi convencido por Haneke a voltar a atuar na tela. Ator de Ettore Scola, Dino Risi, Krzystof Kieslowski e todos os maiores de sua geração, Trintignant domina o filme simplesmente de modo magnífico, natural, doloroso, porque esta é a essência de seu papel. Ele confessou na coletiva que não foi nada fácil interpretar Georges. Depois do trabalho, ficou esgotado.
Numa história de aparente simplicidade, acompanha-se o cotidiano de um velho casal, Georges e Anne, levando adiante sua rotina num apartamento em Paris. O público é cativado pela normalidade de duas pessoas comuns, entretidas com as pequenas tarefas, das compras, da manutenção da casa, da atenção e da paciência com as manias há muito conhecidas um do outro.
Na primeira parte do filme, constrói-se muito solidamente essa ideia do ninho, da zona de conforto entre duas pessoas que de certo modo exclui tudo e todos, mesmo a filha (Isabelle Huppert, atriz habitual do diretor, em trabalhos como A Professora de Piano), que às vezes se introduz neste núcleo e tenta, geralmente em vão, interferir nas decisões.
A doença de Anne quebra este equilíbrio a dois. E se não há muitas surpresas na evolução de uma progressiva descida ao inferno, temperada por um profundo amor, o desenrolar das opções à frente deles é conduzido com grande respeito a tudo o que eles sempre foram. Nunca se instala, também, uma visão piedosa da velhice. Eles poderiam ter outra idade e ter pela frente outros desafios.
Mas, tanto para fazer as escolhas que fazem os personagens, quando para realizar este filme, foi preciso coragem. Este é o sentimento que, finalmente, compartilha também o espectador deste libelo pela liberdade individual, ainda que na situação mais extrema.
Fonte: Correio do Brasil
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