sexta-feira, 8 de março de 2013

No dia da Mulher, a Fritid presta homeagem às mulheres de estilo na maioridade


Comemorado no dia  8 de março o dia marca principalmente a luta pela igualdade de direitos e ratifica campanhas e reivindicações políticas, sociais e trabalhistas das mulheres. È um dia caro e especial para todo gênero feminino.

A Fritid quer celebrar o dia 8 de março com uma homenagem às mulheres que vivenciam a "maioridade". Nessa fase, como  resultado da desigualdade de gênero na expectativa de vida existe uma proporção maior de mulheres do que homens com idade avançada. As mudanças e os problemas que acompanham essa etapa da vida são predominantemente femininos. É a feminização da velhice.

Entretanto, as mulheres não mais aceitam passivamente ser discriminadas por preconceitos sexistas e gerofóbicos:  não só por serem mulheres mas também por serem ‘velhas’; Hoje elas são destaques na sociedade e nos estudos gerontológicos não só porque são mais numerosas, mas também porque têm se envolvido na busca do envelhecimento ativo e saudável, se inserindo em espaços sociais que permitam o alcance da velhice bem-sucedida.

Nesta  data a Fritid, parabeniza todas as mulheres  através do  depoimento  de Angela, Otília, Rosa, Rovena e Vera, que estando na "maioridade" não se intimidam diante de preconceitos e dificuldades, se envolvendo na conquista de um espaço na sociedade e de qualidade de vida. Não especificamos suas idades porque fazemos nossas as palavras da grande poeta Cora Coralina quando indagada sobre sua idade: “Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?"
Agradecemos a elas por terem nos enriquecido com relatos sobre a “maioridade”, as  mudanças  e o que as fez a superar as barreiras e a seguir em frente com muita garra e esperança nos seus sonhos.


Angela Tavares,programadaora,aposentada e ativista
em defesa do meio ambiente
ANGELA TAVARES
De repente eu estava com sessenta anos, há alguns aposentada, filhos independentes, pais partindo... Onde estavam todos aqueles deveres que me mantinham sempre na correria?
 De repente o espelho me mostrou uma mulher que não era eu: cabelos brancos, trinta e tantos quilos de “lucro”, sedentária e pensando nas gostosuras da próxima refeição. 
Nem tão de repente as velhas amigas passaram a cobrar: _ E a terapia? E a nutricionista? Atividade Física? Um dia caiu a fixa: Eu posso, claro que sim, agora eu posso... Foi só pensar no que sempre gostei e não fiz ou pouco me dediquei. Dança, evidentemente dança. Até conseguir um professor, depois ter coragem de participar das escolas de dança... demorou mas valeu. Conheci pessoas com que compartilho as alegrias, brincadeiras e técnicas dos ritmos que me interessam. Teatro - sempre adorei um palco. 
O curso para iniciantes da Casa de Teatro foi um achado. Colegas maravilhosos me ajudando a ser a boazinha ou a malvada, a freira ou a assanhada. Eu ajudando os guris a serem o fugitivo ou o policial, e todas as facetas que o ser humano traz dentro de si. Representar parece que lava a alma. Hoje com estes novos horizontes, devendo ainda uns vinte daquele “lucro”, sinto-me revigorada. Disposta a continuar a mobilização em prol do meio ambiente, a seguir contribuindo na criação do Museu das Águas de Porto Alegre, a colaborar com uma casa que acolhe meninos de rua desde o ano 2000. Agradeço às mulheres maravilhosas, sempre solidárias nos nossos “bem quereres”, que me fazem acreditar que uma boa luta, sempre nos leva a dar mais um passo nesta caminhada da vida.





Otília Bernd -  não aposentada , autônoma com
orgulho, dona de banca no Brique da Redenção.
OTÍLIA BERND
Depois que completei 56 anos acho que a minha vida melhorou muito. Hoje não tenho aquela preocupação grande  que eu tinha de sustentar família, de não faltar nada para meu filho. Me considero uma pessoa mais atuante no mercado de trabalho. A vida inteira fui empregada, trabalhei em área administrativa, marcando presença em relógio ponto. Hoje faço meu horário, trabalho na área comercial, tenho um brechó, uma banca no Brique da Redenção. Ainda não sou aposentada. Foi a necessidade que me fez continuar trabalhando,. mas é um trabalho completamente livre que dá tranquilidade e ainda ganho mais além de ser muito mais compensador em outros aspectos. Foi muito positivo, embora também enfrente algumas dificuldades, tenho uma vida tranquila. .Não me sinto velha. Até em relação a roupa que eu uso não tem nada a ver com a maneira como as mulheres de 50 se vestiam há aos atrás. Depois que a mulher entra na maioridade, como se diz, ela pode ainda ser muito feliz.





Rosa Beltrame - uruguaia, há mais de 40 anos
 no Brasil, ativista em defesa dos direitos humanos
trabalha como cabelereira..
ROSA BELTRAME
Em função da gente ter um pouco mais de experiência, com o passar do tempo aprendemos a ver a vida de outra forma. Com mais responsabilidade, mais ênfase em executar tarefas, do que outros momentos, na juventude onde pela falta de experiência não sabíamos como. 
Então vamos assumindo nossos papéis, sem medo. Porque antes tínhamos muitas incertezas, na maturidade temos muitas certezas. Certeza do que nós queremos, de como queremos o meio que nos rodeia, ou seja, quando jovens nos queremos mudar o mundo, quando mais maduras sabemos caminhar projetando formas de mudar o mundo. Talvez não vejamos isso, mas também projetamos um mundo melhor. E a prova esta lá, naquele momento em que aquelas mulheres iniciaram as lutas pela igualdade de direito das mulheres, talvez não imaginassem o quanto isso significaria para nós, outras mulheres que viriam de outras gerações, que nos deu forças para resistir aos preconceitos de gênero, de raça, de etnias. Na maturidade compreendemos porque que esses preconceitos existem e sabemos visualizar como podemos mudar isso para que outras mulheres tenham essa força. Nós mulheres,  da "maioridade", sabemos da força que ainda temos. Nossas conquistas serão fundamentais para outras gerações, pois quando atingirem maturidade vão se espelhar na nossa trajetória e conquistas alcançadas. Com certeza, a mulher na maturidade produz muito ainda e com muita eficiência.





Rovena  Mahfuz -  proprietária rural, foi atrás do
sonho e se formou em Agronomia, na UFRGS, em 2012.
ROVENA MAHFUZ
As barreiras impostas a mulher ao atingir a meia idade e a menopausa são em geral culturais. Pessoalmente ao atingir esta fase me senti no ápice do meu vigor psicológico, mental e espiritual, acompanhado de igual intensidade física. Vencidos fases anteriores de experiências intensas, de auto-conhecimento e de aprendizados iniciais; superada a fase de procriação e dos muitos felizes anos dedicados à família e à educação dos filhos; percebi que iniciava-se um novo e produtivo periodo em que o objeto primordial passaria a ser a aprimoração do meu ser. 
As decisões e mudanças foram inúmeras, trazendo grandes desafios, acompanhados da força e da humildade para supera-los. 
Dediquei-me ao estudo, a reflexão, a meditação e a organização de meus negócios. 
Avaliei valores, metas e objetivos. Encarei medos e solidão. Me reprogramei para os anos que virão. 
Mulheres, quando dizem que ja chegamos, ou que já fomos, ou que nos dão por vencidas e superadas, estão apenas tentando nos distrair de nossa estupenda força. 
Nos dizem vencidas quando nos tornamos Guerreiras Mor, Rainhas do Bando, Chefes da Clã. 
Um grande abraço vitorioso a todas as mulheres que não se rendem.




Vera R. Aalmeida dos Satos - massoterapeuta, dirige
a Ong Icaso, em defesa dos direitos da Terceira Idade
VERA REGINA ALMEIDA DOS SANTOS 
Eu encarei a terceira idade, não tanto por mim porque até agora não senti problemas de preconceito, talvez porque me imponho, mas por assistir outras mulheress sofrerem nessa faixa de idade. Infelizmente tem mulheres que tem medo de falar quando se deparam com as barreiras do preconceito  em ônibus, no comércio, na rua, no próprio trabalho. Elas tem medo de expor sua opinião. Nunca tive medo porque sei dos meus direitos, procuro por eles e faço valer. O fato de ver outras pessoas serem discriminadas foi que me levou a me enganjar nessa luta, criando a Ong Instituto Carnaval Social (Icaso) e agora filiada à Federação Riograndense da Terceira Idade(Fritid), sempre em defesa dos direitos da melhor idade, como falam agora. O motivo de criar a Icaso, que leva esse nome porque eu costumava reunir pessoas antigas em torno de uma mesa de café ou almoço, dentro da Escola Estado Maior da Restinga. Tenho amigas, algumas com menos idade que eu, que dizem que sou um exemplo. Mas, hoje as mulheres estão superando diversas barreiras e eu gosto de fazer esse trabalho e só vou parar quando morrer, porque vou ser obrigada (risos).
Continuo a trabalhar, sou massoterapeuta, faço trabalhos de crochet, apesar de  enfrentar problemas por causa do esforço repeitivo, mas isso não me faz parar,  Não é uma dorzinha da articulação que me faz desistir. As mulheres não podem se deixar influenciar por papéis, criados pela sociedade como se fossem exclusivo delas em se acomodarem, aceitando isso. Já escutei em ônibus ou em roda de conversas, que mulher velha tem que cuidar de netos. Eu discordo. Tenho cinco netos e digo para meus filhos que os filhos são deles. Obrigação não existe, deveres sim, e o meu dever foi criar meus dois filhos, agora eu olho de fora. 
Essa condição de ficar dentro de casa depois de certa idade é só para as mulheres, pois o avô faz sua caminhada, tem o churrasco, os amigos, etc. A mulher continua ainda sem direito de sair, de ter as amigas, O recado que deixo para as mulheres, tanto para as mais velhas quanto para as jovens: não parem, saiam de dentro de casa, se relacionem, porque isso é vida. 










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